quarta-feira, 22 de outubro de 2008


"Anitelli começa o show como uma criança num salão de festa, em rodopios errantes que fazem girar as tiras de panos coloridos e compridos amarradas na cintura. A calça preta destaca esses aparatos soltos que, com a velocidade dos giros, alcançam a linha horizontal até que ele ajeita o microfone e pendura o violão em seu corpo, mostrando estar preparado para sua apresentação.
A cara é de palhaço: branca, com sobrancelhas triangulares, pontiagudas e simetricamente pintadas de preto. Sua boca tem lábios expressivos, pintados de tinta vermelha. A maquiagem sugere um palhaço questionador.
A poesia continua …nenhum predicado será prejudicado… nem tampouco a vírgula, nem a crase e nem frase e ponto final! Afinal, a má gramática da vida nos põe entre pausas, entre vírgulas… e estar entre vírgulas pode ser aposto… Neste ponto, alguns da platéia já esboçam os mesmos versos, querendo acompanhar aquele ser que, para um outro tanto do público, ainda é desconhecido. Não é estranho haver uma dúvida sobre aquilo que vem a seguir. Afinal ele é um palhaço, mas entra com cara de esperto, sem fazer graça, bancando uma pose ereta e de respeito. …E eu aposto o oposto que irei cativar a todos, sendo apenas um sujeito simples. Um sujeito e sua oração…"(Fred Linard).

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